segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Criando uma Mente Saudável

O Ato de Aprender a Pensar deveria ser a mais importante disciplina dentro da pauta de todas as pedagogias civilizatórias.
"Sem antes conhecer a si mesmo, torna-se impossível compreender os outros..."

Observe uma criança recém nascida, ela ainda não sabe falar, mal consegue enxergar além do seu próprio nariz e é completamente dependente dos seus pais ou responsáveis. No interior do seu cérebro existem apenas as informações necessárias para que ela seja capaz de exercer seu instinto; é por isso que saberá como chorar e assim será capaz de expressar um desconforto físico. 

Ali também já está gravado, em estado de hibernação, alguns aspectos do seu temperamento, o que explica sua futura predisposição para empatizar com algumas atividades ou processos cognitivos e ainda resistir na assimilação de outros.

Mas o temperamento não é tudo, uma vez que precisa de estímulos externos para tomar sua forma definitiva, para se fixar como traços atuantes naquela personalidade, e tudo isso depende de aprendizado, do condicionamento, do treinamento transmitido através do meio onde está inserida.

Para quem ainda não sabe, um bebê não enxerga de forma nítida, seu sistema visual ainda carece de amadurecimento, e nessa fase ele vê tudo difuso, sem uma forma definida, até porque seu centro cerebral, o gerenciador de informações recebidas, ainda está se organizando, ou se calibrando.

Quem ou o que gravou em seu cérebro as informações instintivas, a chamada memória primária ou ingênita, isso não é assunto para ser discutido agora, e a ciência ainda engatinha tentando explicar esse processo. Mas graças a isso, ela já saberá fazer “algumas” coisas, mesmo sem ter recebido instrução prévia de nenhum adulto. Os demais animais, os irracionais, também funcionam segundo esse misterioso critério.

Seus pais ou responsáveis, que já possuem uma razoável experiência de vida, que poderão ser jovens ou adultos, já convivem em um mundo bem conhecido e com regras e protocolos bem estabelecidos, pontuado com suas anomalias, tradições culturais, crenças, ideologias políticas e religiosas, e assim por diante. O modo como estes “responsáveis” vão tratar essa criança, logicamente, vai depender do nível de conhecimento que possuam. Mas, não poderão abrir mão daquilo que já aprenderam da tradição, que herdaram dos seus pais ou de outros que existiram antes destes.

As cantigas de ninar que usarão como acalento para fazê-lo dormir ou diminuir sua ansiedade, serão aquelas já conhecidas, e que também um dia já escutaram. E a maioria dos pais agirá da mesma forma. Irão repetir o próprio condicionamento, essa é a lógica, trata-se de um processo natural.

Mas, aquela criança, ainda não repetiu nada, não tem experiência de vida, por isso não possui memórias, pelo menos as lúcidas, que são as lembranças das coisas vivenciadas, experimentadas em vida. Por isso, ainda não deseja, nem sente raiva ou empatia, nem é medrosa, muito menos guarda rancor das pessoas. Também não planeja um futuro para si, ou é capaz de demonstrar predisposição consciente, racional, de forma seletiva, por alguma coisa.

Nessa etapa, as crianças, estão completamente vazias, e embora não pensem, já possuem o potencial para absorver o pensamento, o modelo cognitivo dos outros. Conhecer a utilidade de uma coisa para depois decidir o que fazer com ela, isso é o ato de pensar, deduzir, avaliar. Mas isso requer experimentação anterior, vivência, memorização, e como elas ainda não passaram por nenhuma dessas fases ou estágios evolutivos graduais, e como não conhecem a utilidade das coisas, então, não são capazes de pensar de forma lógica, objetiva, lúcida.

Mas a capacidade de pensar, isso elas já possuem. Capacidade de pensar é bem diferente de saber pensar. A capacidade de pensar é involuntária, é inata, não depende de memórias, nem de lembranças. O instinto é assim, não carece de experimentação anterior, mas existe. Saber pensar é coisa calculada, cientificada, que requer memórias, lembranças, esclarecimentos, fórmulas ou roteiros de como as coisas funcionam; qual sua serventia. O pensamento é um ordenamento das memórias, de modo que arrumadas de forma lógica, façam algum sentido, signifiquem alguma coisa, capaz de se expressar através de uma ação voluntária do veículo, quer dizer, do indivíduo.

Assim, a capacidade de pensar todo ser humano possui como potencial e isso não depende de suas vontades, ou de aprendizado algum. Já para se construir um pensamento, esse mesmo ser humano, irá precisar de informações, de experiência de vida. Necessita da lembrança, do resgate das suas memórias. As memórias virão, serão formadas enquanto interage com as coisas do mundo. E isso ocorre quando estiver com todo seu sistema sensorial funcionando perfeitamente, pronto para captar e depois interpretar, de forma clara para si, todas as impressões que o bioma onde vive, de forma involuntária ou não, lhe transmite.

Nessa fase inicial, tudo que é gradualmente percebido, capturado, pelos seus órgãos sensoriais, é digno de uma avaliação atenta, mas sem interpretações. Falta maturidade sensorial e o intelecto ainda não está formado. E importa mais a clareza da experiência, a qualidade do toque, cheiro, sensação, do que uma compreensão racional, intelectual, do que está acontecendo.


Nunca devemos nos esquecer de que, para uma criança, coisa má ou boa, ambas, são simples ensinamentos...
fonte: sitededicas.ne10.uol.com.br



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